A igreja que se acovardou!!

Belo texto....
A covardia evangélica brasileira...

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Que a igreja protestante já perdeu a sua identidade há alguns séculos, nós já temos certeza. Nós não sabemos mais, quem somos, o que somos, o que fazemos, para onde vamos, quem é o nosso senhor e qual a nossa missão. 
A igreja, dita evangélica, é hoje comparada, e muito similar à Babel.
Quero apontar nesse texto, algumas áreas das quais a igreja se acovardou, e em alguns casos, a forma como isso acontece.
Espero assim, como em cada texto que escrevo, poder te ajudar. Me perdoem pelo tamanho do nosso texto de hoje, mas li, reli, avaliei e considerei cada palavra necessária. Que Deus nos ajude e nos acompanhe.
A igreja se acovarda na sua identidade.
Em algum momento, num pequeno deslize a igreja deixou de ser a comunidade daqueles que adoram a Deus. Aqueles que desejam estar lá para prestar um culto racional, que apresente de forma clara e não tão esotérica a fé que expressam, aquilo que creem, a sua confissão comunitária. Em algum lugar isso se perdeu. Deus deixou o centro, colocou-se a constituição, a reunião semanal (religiosa), seus rituais e sacramentos, as reuniões de liderança no domingo antes do culto, seus cargos eclesiásticos, etc. A igreja deixou de servir e amar para se tornar dona da verdade: que castiga e não acolhe; que pune e não ama; que recrimina e não perdoa. Essa não é a comunidade do Cristo amoroso e ressurreto que vive em nós. Não foi isso que ele veio fundamentar como pedra angular. Algo se perdeu. Cadê a comunidade da aceitação, amor, perdão, acolhimento e graça?
A igreja se acovarda na sua mensagem.
De uma mensagem onde se deveria “consolar os atribulados e atribular os consolados” (Neil Barreto), tem-se uma mensagem que levam todos ao conforto e a busca pela prosperidade e menor incômodo. Ninguém engajado no serviço humilde do bairro onde está inserido ou a cidade que se está localizada. Tudo se justifica para benefício dela mesma, templos gigantescos, poltronas mais confortáveis, e é claro que não pode faltar o ar condicionado. E gente de todo jeito, raça, cultura do nosso lado morrendo, de vazios dentro do estômago e dentro dos corações. Os ricos tem seu acúmulo justificado (a bênção de Deus), enquanto os pobres, assim o são por projeto e determinação divina, e não a falha no caráter do cristão de hoje, que está no seio da igreja. Aquela que deveria ter tudo em comum. Precisamos voltar a mensagem do conforto para quem causa confronto, e confronto para quem deseja conforto.
A igreja se acovarda no trato com as pessoas.
Aqui se encaixam, todos aqueles que considero vulneráveis: social, cultural e psicologicamente. Aqui estão os homoafetivos, os negros, os que sofrem de depressão e os pobres. Em suma, aqueles que precisam de amor.
Não é a toa que os comentários mais ridículos em relação aos assuntos citados sejam evangélicos. Que os representantes popularmente ditos homofóbicos sejam “pastores” (se é que assim podem ser chamados). Que negro é amaldiçoado, e pobre é preguiçoso. Tudo isso cabe e foi dito recentemente por nossos líderes evangélicos de “nível nacional”.
Onde está os que defendem a adúltera do apedrejamento. Os que param para ouvir a história da mulher com fluxo de sangue. Os que visitam as pessoas em situação difícil. Fazer o certo por convicção é coragem, não fazer por preservação de imagem é covardia.
A igreja se acovarda na sua inteligibilidade.
A igreja treme em conhecer. A igreja foge da filosofia, não se preocupa tanto mais com a ética e quase se abstém dos aspectos psicológicos, pontuando a psicologia, talvez, como uma rival. A igreja coloca o conhecimento como adversário da fé, enquanto deveria ser um defensor, um aspecto a ser desejado, buscado e apregoado nos nossos púlpitos.
A impressão é que cristão alienado não é somente uma realidade na maioria das comunidades locais, mas algo a ser gerado cada vez mais, porque “a razão é inimiga da fé”.
Não, a razão não é inimiga da fé, ela só não tem a palavra final. Crer é também pensar, diria John Stott. Fé não enche barriga, e títulos acadêmicos não nos levam para o céu. A fé nos impulsiona a buscar a verdade, e as verdades devem nos fazer lembrar cada vez mais da nossa fé, do conhecimento e da sabedoria daquele que conhece e criou todas as coisas.
Noto que a igreja não gosta de quem pensa, porque quem pensa dá trabalho, questiona, investiga e confronta. E a igreja não quer ovelha pensante, quer bode amarrado, cativo, sem liberdade, sem capacidade de escolher e pensar dentro dos parâmetros cristãos, gente que não deve ter liberdade para agir como pretende, muito menos de expressar o que pensa. “O apóstolo é que está certo!”
A igreja se acovarda do seu senhor.
A igreja precisa voltar a decidir quem é o seu Senhor. Se ela tem um senhor e se esse senhor é aquele que exerce mesmo o governo em seu meio. Não sei, mas acho que existe um pequeno abismo entre a igreja, o caráter do cristão atual e o caráter do Cristo que foi, é e será o mesmo.
Cristo era corajoso. Cristo não se acovardou diante das injustiças, Ele escolheu um lado para lutar, o lado do injustiçado.
E me desculpem, bater nos mais fracos, naqueles que sofreram séculos com racismo. Aqueles que são vítimas com preconceito sexual. Aqueles que já estão com a alma desesperada com suas enfermidades emocionais, sendo chamados de endemoniados é fácil.
Bater em quem não oferece perigo é fácil e culturalmente ensinado pela nossa cultura evangélica. Quero ver bater no político corrupto que quer abençoar seu ministério. Quero ver fazer crítica aos políticos que visitam nossos cultos. Quero ver combater o empresário rico da cidade que te considera guru espiritual e paga para você orar semanalmente na empresa dele.
Ou a igreja se acovarda, ou muda de nome. Pregamos uma coisa irreal, que não vivemos e não desejamos. Isso é a igreja que se acovardou, mas que ainda está em tempo de se arrepender. Que Deus nos ajude.
Em amor.

 

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